sábado, 3 de julho de 2010

Contaminação do Manguezal completa 10 anos


Após 10 anos, pescador ainda suja a rede de óleo


(Esta matéria está na versão impressa do jornal Enfoque/junho)
O óleo praticamente acabou com a pescaria no município de Magé; todos os acusados no acidente foram absolvidos


Após 10 anos do vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara, o manguezal de Magé não se recuperou. A vegetação local secou e nunca mais voltou a ser a mesma de antes do vazamento.
Nossa reportagem esteve no bairro do Ipiranga, em Praia de Mauá e entrevistou diversos pescadores que vivem ainda hoje da pesca do carangueijo. A constatação é de que a punição pelo vazamento do óleo recaiu sobre os pescadores, que vem amargando desde então um prejuízo em sua atividade pesqueira.
Próximo ao local se instalou uma ONG (Onda Azul), que tenta recuperar o mangue a-través do replantio de árvores nativas, mas num pequeno passeio pelo mangue percebe-mos que apesar da boa vontade e do trabalho incansável dos envolvidos nesta luta, o mangue continua agonizando.
Junta-se a isso as invasões de áreas de mangue por famílias carentes, e temos um quadro ainda mais devastador.
Todos os funcionários da Petrobrás acusados pelo Ministério Público Federal no proces-so que apurava responsabilidades pelo vazamento de óleo, em 18 de janeiro de 2000, foram absolvidos no ano passado.

A Petrobrás alega que investiu R$ 450 milhões na última década em projetos ambientais e sociais na baía. Segundo a companhia, o programa para restabelecer a vegetação de manguezais na praia de Mauá e nas margens do Rio Estrela, na divisa de Duque de Ca-xias e Magé, com duração prevista até 2013, é o "maior do gênero no Brasil", mas se-gundo o Presidente da Associação Homens do Mar da Baía de Guanabara, Alexandre Anderson, esses são projetos "de fachada", que ainda não trouxeram resultados.

Ainda segundo Alexandre,"A Petrobrás tem uma enorme dívida com os pescadores. Além de não reconhecer o dano, vem impactando ainda mais a baía com novos empre-endimentos como o Complexo Petroquímico do Rio e a ampliação da Reduc". Em abril do ano passado, a Ahomar conseguiu paralisar uma obra da empresa em Magé. Pesca-dores impediram a navegação de embarcações usadas na montagem de dutos, sob a ale-gação de que a obra inviabilizava a pesca.

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